As crianças da periferia também têm direito à palavra. Na manhã do sábado, dia 9, um grupo de 25 crianças, de seis a doze anos se reuniu na Cia dos Atores, na Lapa.
Elas fizeram a oficina inédita “Apalpinho”, aplicada por Renata Freitas, arte-educadora, e Raphael Couto, artista plástico, participantes das oficinas do Apalpe.
Os trabalhos foram abertos por Marcus Vinicius Faustini, coordenador do Apalpe. “O Apalpe está sendo acompanhado pelo Brasil inteiro no twitter; pretendemos mobilizar pessoas que usam a palavra para intervir na cidade. A palavra não está apenas nos livros. Está nos cartazes, no funk, em diversas expressões”, observou Faustini.
O “Apalpinho” explorou a metodologia utilizada por Marcus Vinicius Faustini ao longo do Apalpe: valorizar a relação entre Corpo, Palavra e Território.
As crianças vieram da Maré, de Nova Iguaçu e de bairros da Zona Norte do Rio. Elas não conheciam a Lapa foram estimuladas a pensarem sobre o trajeto de seu território de origem até lá.
Após brincadeiras para estimular o corpo, as crianças fizeram uma pequena caminhada, indo até a Sala Cecília Meirelles, de onde avistaram os Arcos da Lapa e conheceram sua história.
De volta à Cia dos Atores, que funciona num casarão da escadaria do Selarón, na Lapa, os pequenos foram estimulados a escrever.
As histórias deveriam se relacionar com a Lapa, em textos de cinco a sete linhas. Para escrever esta pequena narrativa, deviam fazer a relação entre uma palavra sorteada e um objeto escolhido aleatoriamente pelas crianças.
A técnica da escrita a partir da relação com o objeto desencadeou a produção dos textos do Apalpe. E, no “Apalpinho” foi replicada com as crianças.
Depois de produzirem as histórias, as crianças desenharam suas histórias em uma réplica de tecido dos Arcos da Lapa.
“Eles registraram seu território nos Arcos da Lapa”, observou Renata Freitas, que assinalou a qualidade das histórias apresentadas pelas crianças.
“Na verdade, pedimos que as crianças deixassem as suas histórias registradas nos Arcos da Lapa, em tecido”, acrescentou Raphael Couto.
O “Apalpinho” ficou com gostinho de quero mais e foi encerrado com um pequeno carnaval debaixo dos arcos de “mentirinha”.