Ação desencadeada pela publicação do Guia Afetivo da Periferia, o Apalpe começa a ampliar seus contornos.
No sábado, dia 9, teve início o Ciclo de Debates do Apalpe. Segundo Marcus Vinicius Faustini, coordenador do projeto, chegou o momento de refletir sobre a produção estética e as ações sociais nas periferias do Brasil.
“Ao contrário do que muita gente pensa, a expressão estética na periferia já existe há muito tempo. O que não existe é a reflexão sobre essa produção, de forma sistematizada”, afirmou Faustini, reiterando a disposição de sistematizar uma agenda de discussões.
Os debates começaram com a reflexão sobre as formas como os territórios se apresentam na criação da palavra. A primeira mesa teve como tema “Subúrbio, palavra de origem”.
Mediados por Écio Salles, secretário municipal de Cultura de Nova Iguaçu e doutor em Comunicação, o escritor Marcelo Moutinho e o cineasta Vinicius Reis revelaram a influência de seus territórios de origem, Madureira e Tijuca, em sua produção artística.
Segundo Écio Salles, o ciclo de Debates do Apalpe é importante pois começa a discutir a produção em torno do que se faz na periferia, na chamada Classe C, que não pára de crescer no país.
“Uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostrou que a classe C no Brasil envolve 95 milhões de pessoas e representa 50, 5% da população. Essa transformação trará mudanças profundas na sociedade brasileira. E não podemos deixar essa discussão restrita ao consumo”, observou o doutor em Comunicação.
Marcelo Moutinho é jornalista e escritor, organizou livros como Prosas Cariocas, reunindo contos sobre bairros do Rio, e também a obra “Canções do Rio – A Cidade em Letra e Música”.
Nascido em Madureira, o autor foi morar na Barra da Tijuca em meados dos anos 80 e depois se mudou para a Zona Sul do Rio.
“Num primeiro momento, no início da minha carreira, reneguei a minha relação com Madureira. Depois, houve uma reaproximação durante a elaboração do livro Canções do Rio. E, no meu próximo livro, pretendo aprofundar essa relação”, explicou o jornalista, que se emocionou ao falar de sua infância em Madureira e da influência do bairro em sua produção.
Já o cineasta Vinicius Reis, que concebeu e dirigiu o filme Praça Saens Pena, contou como foi o processo de retratar nas telas o bairro onde passou sua infância e adolescência, a Tijuca.
Ao comentar a influência do território em sua obra, Vinicius Reis citou três filmes importantes em sua formação: A Falecida e Eles não Usam BlacK Tie, do cineasta Leon Hirszman, e Chuvas de Verão, de Cacá Dieques.
“Nesses filmes, percebi um olhar diferenciado sobre a cidade, sobre os subúrbios e eles me influenciaram bastante”, revelou o cineasta.
Para Vinicius Reis ainda é cedo para saber se vai surgir uma nova estética na produção da periferia, mas afirmou que a periferia pode estar nos personagens.
“Aldir Blanc, que aparece no filme, disse que ele pode estar em qualquer lugar do mundo, que a Tijuca está dentro dele. No filme, procurei colocar a periferia nos personagens”, revelou o cineasta paulista.
Eu fui tão feliz no Apalpe I e por motivo de trabalho não estou no II, q morro de inveja, sem pudor nenhum, de olhar essas fotos maravilhosas e ver a galera trabalhando à vera. MVFaustini não joga pra perder, tem visão, inteligência, pensamento pra frente, metas, afeto e conhecimento de causa qdo se fala de território carioca.
Enfim… sou muito fã desse projeto e espero retornar. Desejo q essa 2a. etapa/fase seja ainda mais produtiva e saudável q a 1a. e q eu volte o mais rápido possível, pra não ficar com água na boca, q inveja não é coisa bonita né.
Parabéns Apalpianos, galera de responsa, q mete a mão na massa, manda ver e se dedica 100%. Sou fã desses artistas, criadores, q fazem o Apalpe ser o projeto de sucesso q é. Vida longa aos corajosos! (frase q adoro, roubada do meu amigo Tetsuo).