O último encontro do ano, no sábado, 18 de dezembro, na verdade foi dia de reencontro para os atores do Apalpe. Preocupado com o excessivo investimento em gestos e maneirismos, o coordenador Marcus Vinícius Faustini organizou exercícios para que o grupo focasse sua atenção na palavra, despida de acessórios.
Sentados em linha reta, com as mãos nos joelhos e os pés paralelos, os apalpianos passaram os textos que há semanas estão estudando. Impedidos de “atuar”, eles tinham apenas o texto, sem nada que distraísse a atenção do essencial. Depois, eles abstraíram ainda mais, descascando batatas imaginárias enquanto repassavam suas falas. “Há uma cristalização sonora no modo de falar. Vamos tentar fazer uma viagem para redescobrir esse texto”, foi a proposta de Faustini, aceita sem hesitações pelos atores.
Um exemplo bem claro do sucesso do exercício foi com o texto de Wilian Santiago, interpretado por Hare, Marcus e Vivian. Com as escolhas cênicas feitas pelo trio, não ficava claro para o público que a narrativa se desenvolvia em meio a um atropelamento. “Realmente valeu muito a pena trabalhar o texto separadamente. Precisamos fazer ajustes”, diz Hare.
Faustini ficou satisfeito com os resultados, apesar de ter certeza que o grupo tem muito mais potencial para oferecer. “Acho que vocês foram ótimos e fiquei muito surpreso. Ainda está longe do que os textos podem dar. Não é que os textos sejam melhores do que vocês, mas acho que ainda mereceria tentar entender a sutileza deles e combinar com as descobertas que vocês fizeram”, explica Faustini. Os atores saíram com esse pensamento na cabeça e ansiosos pela apresentação de janeiro.
Pensei em palavrar
alguma coisa em algum lugar
palavra
palavras
me vem apalpe
de repente
é a saudade
que aperta
(a) gente.
Beijo grande.