Chegou o momento de emoldurar os textos dos participantes do Apalpe, contos que irão se desdobrar em pequenos “Guias Afetivos” da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
E o convidado para caminhar com os “apalpianos” em busca da precisão da palavra da periferia foi Eduardo Coelho, coordenador da equipe do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa, editor da Azougue, doutor em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em poesia de Manuel Bandeira.
Depois de analisar um a um os textos produzidos pelos participantes a partir de dispositivos sugeridos por Marcus Faustini há algumas semanas, o doutor em Literatura percebeu que parte expressiva da turma ficou presa ao padrão da norma culta, em detrimento da linguagem coloquial.
“Percebi que muitos de vocês ficaram preocupados com construções sintáticas. A memória afetiva ficou em um plano secundário. Os textos ficaram muito formais. E, geralmente, a linguagem familiar é mais coloquial”, completou o editor.
Na conversa com o grupo, Eduardo Coelho traçou orientações importantes para a produção literária, como a escolha entre o relato biográfico e o ficcional. Além disso, sugeriu que os participantes evitassem usar clichês em seus textos e “explicações” em seus textos.
“Havia poucos casos de textos com críticas sociais delicadas. Em Literatura não se deve explicar. Não falem que havia injustiça social. Digam que passaram fome ou privações”, esclareceu o editor, acrescentando que a “experiência de fratura” foi recorrente nos 36 textos analisados.
Após a conversa com o grupo, Eduardo Coelho pediu que os participantes observassem seus comentários e, posteriormente, realizou uma orientação individual com cada um dos integrantes do grupo.