Os participantes do Apalpe começaram a colocar a mão na massa. Depois de exercícios, discussões e debates com convidados, chegou a hora de começar a escrever.
De acordo com Faustini é hora de levar a subjetiva ao campo que se convencionou chamar de “popular”. “O lugar do popular em nossa cultura ainda está ligado a um ethos da sobrevivência, do extraordinário. Ele precisa ser deslocado para o campo da subjetividade, do combinatório, do fluxo de consciência”, observou.
E para dar as diretrizes daquilo que será efetivamente a “palavra da periferia”, foram determinados alguns procedimentos. Cortes simples, mas que demonstram a direção desejada para os trabalhos.
Quem quiser pode dar voz a seu território pode partir dos seguintes procedimentos:
– Elaborar um teto de 30 a 50 linhas, escrito em primeira pessoa.
– Produzir a partir de objetos (elementos externos ao sujeito).
– Trabalhar com uma marca no passado/presente/futuro.
– Colocar um legume, uma fruta ou vegetal.
– Trabalhar com combinatórios.
– Apresentar um território, com elementos como rua, árvores.
– As relações de espaço/tempo remetendo aos anos 1970/1980.
A primeira produção – Os participantes se empolgaram e produziram seu texto dentro dos procedimentos sugeridos. Os símbolos dos anos 1970 que enfeitaram as ruas de Engenheiro Leal; índices de uma geração, como a conga e o cabelo Black Power deram vida ao trabalho de Cristina Hare.
Já Márcia do Valle, ao descrever a travessia de duas solteironas pelo Boulevard 28 de Setembro, trouxe elementos como a praça, a boneca Susi, afetos e desafetos numa assimétrica relação de amizade.
Já Tetsuo Takita criou uma Lapa sombria e devastada num conto de ficção-científica com pitadas de erotismo. “Meu futuro ainda é 1985”, escreveu o jovem ator.
Esse foi o tom dos primeiros trabalhos apresentados no último sábado. Contudo, a rodada inicial de comentários foi apenas um aperitivo do que está por vir.
No próximo dia 7, haverá um sarau no qual todos apresentarão seus trabalhos. Em seguida, a produção será analisada por uma banca de escritores convidados para tecerem observações sobre os textos para os seus autores.
Tudo isso já tem como meta o grande evento do Apalpe que será realizado na cidade em setembro.
Consegui colocar Engenheiro Leal no mapa ! Incrível.
Na platéia , 99, 99% nunca havia ouvido falar neste bairro, que se espreme entre Madureira, Cascadura e Cavalcante e que no passado, foi importante estação de trem da linha auxiliar.
E foi exatamente por já estar acostumada com isso que comecei o meu texto, dizendo assim:
“Eu dizia que morava em Madureira, e se muito íntimo, eu confessaria que era em Cascadura. Mas na verdade em morava mesmo em Engenheiro Leal. “
Hoje tive a oportunidade de ouvir do próprio Marcus tudo o que foi descrito acima. Suas contribuições a respeito do pobre e do popular, da importância da subjetividade para construir o ordinário. Adorei!!! Vou estudar mais. Ah! O encontro foi no Seminário de Arte, Invenção e Experiências Formativas em Fortaleza-CE