O encanto da oralidade nos tapetes contadores de histórias

Cadu Cinelli encantou os participantes do Apalpe contando histórias da cultura popular

“No fio da história, como no fio da vida, cada um tece o seu tapete” . Com esta frase, que abre inúmeras histórias da tradição de diversos povos, Carlos Eduardo Cinelli, o Cadu, começou a encantar os participantes do Apalpe.

Na tarde do dia 17, como que enfeitiçados, os participantes da Oficina de Linguagem sobre oralidade ficaram encantados com o trabalho do grupo “Os tapetes contadores de história”.

Desde 1998, Cadu Cinelli e Warley Goulart coordenam o grupo que mescla narração de histórias, animação de objetos e teatro.

O material mais utilizado é o tecido. Boa parte das histórias está em tapetes que, à medida que se desdobram, revelam encantadoras histórias populares.

A técnica surgiu com Clotilde Hammam, na França, e foi trazida ao Brasil por seu filho, Tarak Hammam, com que os integrantes do grupo, formado hoje por sete pessoas, tiveram contato.

Ao longo desses 12 anos, o trabalho do grupo cresceu e se sofisticou. Todos os integrantes passaram a confeccionar seus tapetes e objetos para apresentações, como uma mala de que se transforma em vários personagens.

“Ao longo desse tempo fomos aprimorando nosso trabalho. Inicialmente, trabalhávamos com uma representação bem comum dos elementos da história. Com o passar dos anos fomos aprimorando nosso trabalho. Passamos a confeccionar nossos tapetes com mais abstrações e criamos vários espetáculos teatrais”, explicou o contador de histórias.

Aos participantes do Apalpe, Cadu apresentou várias histórias e objetos. Um deles foi do projeto Retalhos de Drummond, que conta com cinco tapetes baseados na obra do poeta mineiro.

Na contramão da higienização do mundo – Com formação em Artes Visuais e Teatro, Cadu Cinelli, com leveza e precisão nos gestos, demonstrou o quão complexo e mágico pode ser o discurso da oralidade, da tradição popular.  

Ao conversar com os participantes do Apalpe, Cadu ressaltou a importância de buscar olhares alternativos para as representações estéticas. Como procedimento, defendeu o lugar do lúdico, da performance que mescla Literatura e Artes Visuais.

“O mundo está sendo todo higienizado e, mesmo assim, não se consegue apagar a dor. Ler não é um status cultural. Ler é ser. É lutar para construir uma nova humanidade. É trocar experiências. Quantas representações estereotipadas não são repetidas por que não procuramos olhares diferentes?”, observou o contador de Histórias.

Atualmente, o grupo dos Tapetes Contadores de Histórias realiza oficinas em escolas da rede municipal do Rio com o objetivo de incentivar a prática da leitura.

Cadu Cinelli atuando na peça "O Rei Cego"

Televisão rouba espaço da oralidadeA narração de histórias populares despertou o interesse de participantes do Apalpe, muitos dos quais familiarizados com a oralidade da cultura popular.   “Lá em casa, quando acabava a luz, resgatávamos esse hábito de contar histórias. Até mesmos eu e meus irmãos, que éramos crianças, contávamos nossas histórias que, na maioria das vezes inventávamos na hora. Isso acontecia quando a televisão não estava presente”, revelou Renata Freitas.

Nesse sentido, Cadu Cinelli acrescentou que a televisão nada mais é do que uma caixa eletrônica que conta histórias o tempo todo, daí o fascínio que desperta nas pessoas.

“Como contadores de histórias assumimos a introdução de objetos em nossa performance, como o tear e a mala, e buscamos outras possibilidades. A tradição de contar histórias está presente em diversas culturas bastante antigas, como a egípcia e a cultura dos índios norte-americanos”, completou o ator.

Conheça um pouco mais do trabalho dos Tapetes Contadores de Histórias 

 http://http://www.tapetescontadores.com.br

http://http://www.youtube.com/watch?v=Do3cEnlvfOc

http://www.youtube.com/watch?v=7q5GzxE-4Zc&feature=related

 

 

Sobre alebizoni

Jornalista especializada em Mídia e Educação
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7 respostas para O encanto da oralidade nos tapetes contadores de histórias

  1. Marcelo Patrocinio disse:

    Apalpando essa idéia de corpo, palavra, territóro, estou acreditando que é possivél uma transformação de pensamento e aitudes resultando em igualdade encontradas nas diferenças, o Marcus Faustiniu explicou sobre o dispositivo que é fundamental para um novo repertório de criação. As experimentações com jogos são ricas em mecanismos, de perceber, pensar e reagir contextualizando uma nova estética.
    O Expressionismo alemão, estilo cinematográfico cujo auge se deu nos anos 1920, caracterizou-se pela distorção de cenários e personagens, através da maquiagem, dos recursos de fotografia e de outros mecanismos, com o objetivo de expressar a maneira como os realizadores viam o mundo. A poesia expressionista fez uso de metáforas, verbos incicivos, neologismo e versos, que surge como pensamentos contrário ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico no século XIX.

  2. Marcelo Patrocinio disse:

    Fique encantado em poder ver o trabalho do grupo “os tapetes contadores de história” e perceber a simplicidade orgânica em que desenvolvem trabalhos a partir de retalhos de tecídos, uma curiosidade fomentada pelo Cadu Cilene, foi sobre a familharidade das palavras, texto e têxtio.
    “A trajetória deve ser observada!” – Marcus Faustini

  3. Felipe Araujo disse:

    “eu vou morrer um dia ???”

    _ Vai!

    Todo mundo vai morrer um dia ???

    _Vai!

    O universo vai acabar um dia?

    _Vai!

    __ Mas calma filho… você não vai estar lá pra ver… (Mae tentando polpar o filho das palavras de um contador de história que não acha que falar a verdade pra uma criança é algo condenável !!!)

    Ótimo !!!

  4. Simone disse:

    Como o Marcelo disse lá no início destes comentários é o “Apalpando essa idéia de corpo, palavra, territóro, estou acreditando que é possivél uma transformação de pensamento e aitudes resultando em igualdade encontradas nas diferenças”.

  5. Henrique disse:

    Apalpa daqui
    Apalpa de lá
    Um novo procedimento
    logo vamos encontrar…

  6. Cristina Hare disse:

    Cativante a presença de Cadu Cinelli nesse nosso segundo encontro!
    A contação de histórias é uma atividade milenar e tão presente , que muitas vezes não nos damos conta de que cumpre um papel importante. Mantém as tradiçoes, preserva memórias, nos alimenta com arquétipos, socializa.
    Fui surpreendida me dando conta dessa importância. Vibrei com explicação da relação texto/têxtil , aproximando a contação de histórias a um tear que fabrica tecidos.
    Chego a conclusão que a oralidade é uma hábil tecelã e então de repente …
    estamos todos por um fio!

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